Monthly Archives: August 2009

Índice de preços de biotecnologia

O gráfico seguinte mostra uma comparação entre um índice composto por empresas de grande dimensão do mercado de biotecnologia e o índice S&P 500. As empresas são ponderadas segundo a sua capitalização de mercado. As empresas de biotecnologia estão a amarelo enquanto que o S&P está a azul.
O gráfico mostra claramente que se trata de um sector bastante imune à crise. Claro que há sempre efeitos, mas de maneira global um investidor que tivesse adquirido estas acções há cinco anos teria visto a sua carteira apreciar lentamente em valor. De notar que o gráfico mostra só preços e não retorno total incluindo dividendos.

Eu sabia que já tinha lido a mensagem dos cartazes do CDS em qualquer lado…

Depois lembrei-me… Era na campanha de 2005 do partido conservador. As mensagens acabavam sempre com o “strapline” seguinte: “are you thinking what were thinking“. Isto é muito comparável com o “há cada vez mais portugueses a pensarem como nós”. Vejam a parte de baixo do poster…

(fonte: Freefoto.com)
Eu penso que é demasiado parecido para ser coincidência
Só desejo melhor sorte ao CDS e ao Paulo Portas. Os Tories em 2005 não tiveram êxito nenhum. O líder da altura, Michael Howard, era conhecido como a Criatura da Noite, pelo seu ar de vampiro. Como se dizia na altura “there‘s something of the night in him“.
Esta foto ajuda a explicar porquê:

Pelo menos o CDS não anda a reinventar a roda…

A Arte: economia dos meios de expressão


João Cutileiro, que visitei hoje em Évora , é um homem afável ainda que pouco dado à arte do “small talk“. Algumas expressões e frases foram lapidares como é o caso de “a arte pode ser vista como a economia dos meios de expressão”, algo que lhe foi transmitido pelo seu pai. Se um artista tiver todos os meios à sua disposição, tudo é possível mas nada vale a pena. O que conta é o esforço, encontrar formas criativas de chegar a um resultado. Isto aplica-se a muita coisa além da arte, a meu ver.

Uma visita ao seu estúdio mostra um artista interessado por temas que vão dos futebolistas à árvore da vida. O grande tema da arte de Cutileiro como ele próprio confessou, são as mulheres. Para além do tema do feminino, gostei muito das suas árvores, que são delicadas, cheias de vida.
Podem admirar parte da sua obra no Mosteiro do Crato até Novembro.

Mestre do Retabulo da Sé de Evora




Retábulo da Capela-Mor da Sé de Evora (pormenor), Mestre do Retábulo da Sé de Evora (círculo de Gerard David, 1460-1523)
Museu de Evora

Critical software

Um post do SIMplex menciona a Critical Software como exemplo de uma PME de sucesso e gostaria de partilhar algumas reflexões sobre esse assunto.

Sem querer desfazer na Critical Software, não entendo esta fixação dos apoiantes do PS. Porquê focar-se tanto nesta empresa, que é apresentada vezes sem conta como um caso de sucesso?
Segundo as informações de que disponho, que são limitadas, a Critical Software facturava EUR8,6 milhões em 2006. Não tenho dados financeiros depois disso, em parte porque em Portugal como já disse aqui, a informação financeira é muito fraca.
De novo segundo os dados disponíveis, a Critical Sofware era uma empresa que em 2006 apresentava um resultado operacional negativo.
Acredito que o software seja bom, não é isso que está em causa. Trata-se de uma empresa que emprega gente muito competente, sem dúvida. Mas será que está em grande crescimento? Tem potencial para se tornar em uma grande empresa internacional?
Talvez resida aqui a diferença entre aquilo que penso que deviam ser os objectivos do governo na promoção das empresas portuguesas e a ideologia do PS. O governo PS fez bem em financiar as universidades que formaram os engenheiros por trás da Critical Sofware. Ainda bem que isso aconteceu. Mas do ponto de vista financeiro, não me parece que a empresa seja um êxito enorme. A qualquer momento, um concorrente de maior dimensão pode interessar-se pelo seu mercado e desenvolver uma tecnologia comparável ou melhor. Parece-me que se trata de uma empresa frágil.
A título de exemplo, podemos pegar em um país mais ou menos semelhante a Portugal, mas mais desenvolvido, digamos a Irlanda (bem – há muitas diferenças entre os dois países mas entendem o que quero dizer.) Na Irlanda existe uma empresa do sector farmacêutico e da biotecnologia, que também tem uma forte componente tecnológica e se chama Elan. A empresa existe desde os anos sessenta e tem actualmente um valor de mercado de mais de EUR3,500 milhões. Estamos a falar de uma grande empresa onde trabalham muitos engenheiros e biólogos muito bem formados pelas universidades Irlandesas. Se o governo, na Irlanda, viesse defender que investiu na educação e que isso beneficiou empresas tais como a Elan, eu entendia. Agora dizer que se investiu na educação e que o resultado é uma empresa que factura 8 milhões de Euros e vende um software para meia dúzia de clientes, francamente a mim não me impressiona muito.
Esta obsessão pela Critical Sofware só vem revelar o seguinte: não existe uma empresa de tecnologia em Portugal que reúna dois atributos: vender um produto de ponta e ter atingido uma grande dimensão ao capturar quota de mercado a nível internacional. Aquelas que existem porventura não querem ser utilizadas pelo PS para a sua campanha. Por isso, para apresentar trabalho feito, o PS é obrigado a recorrer a estes exemplos de forma obsessiva.
Temo que os efeitos da crise sejam assimétricos e que as PMEs de software tenham capacidades de I&D mais limitadas e provavelmente um rating de crédito inferior às empresas de maior dimensão, o que limitará o seu acesso ao mercado de capitais. Nestas condições, empresas como a Critical Sofware poderão chegar à conclusão que a crise actual torna mais difícil aceder a financiamento que é essencial para continuar a desenvolver o seu produto.
Se olharmos para os Estados Unidos, a promoção das empresas de base tecnológica é um assunto mais do partido Republicano do que dos Democratas, apesar da administração Clinton ter defendido o desenvolvimento das empresas de tecnologia americanas até a bolha dot.com rebentar. Resta que os empresários de Silicon Valley acreditam que o desenvolvimento tecnológico combinado com liberalismo económico e espírito empreendedor, trazem uma vantagem concorrencial aos EUA. Isto são ideias mais próximas do partido Republicano.
Em Portugal temos um governo de centro-esquerda que pelo menos não cria demasiadas barreiras ao desenvolvimento das empresas de tecnologia, apesar de os seus esforços de promoção não terem tido até à data resultados espectaculares.

Hulk e o mercado de transferências de jogadores de futebol (2)

Para tirar a conclusão ou as conclusões do post anterior, gostaria de referir o seguinte:

  1. Os salários dos jogadores de futebol não são morais ou imorais. São apenas fruto de uma realidade que é o grande peso da televisão por cabo e satélite que paga rendas elevadas aos clubes de topo
  2. Em Portugal, o mercado de futebol não é regulamentado ou seja, funciona de maneira livre. O resultado é que os clubes que se situam em grandes aglomerações urbanas ou seja o Benfica, Sporting, Porto e Sporting de Braga têm uma grande base de fãs. O resultado é que as suas receitas de bilheteira e de venda de direitos televisivos são os mais elevados e o resultado é que esses clubes vão continuar a dominar o mercado e obter os melhores jogadores.
  3. O resultado é que o campeonato nacional vai continuar a ser dominado por estes clubes, não sendo de prever que esta situação venha a sofrer qualquer mudança nos próximos tempos.
Dito isto se em Portugal houvesse vontade de inverter esta situação ou seja permitir que clubes de cidades mais pequenas tivessem efectivamente uma chance de ganhar o campeonato, então haveria que regular o mercado.
A regulação de qualquer mercado é admissível quando há empresas que por exemplo se aproveitam de terem informação previlegiada ou uma posição dominante, para obter resultados injustos e esmagar os outros participantes. No caso do futebol, não parece ser de momento essa a situação. De facto parece-me que mais ou menos todos clubes de futebol têm relações priveligiadas com todos os autarcas! (em exemplo aqui). Penso que haveria por isso poucos motivos para regular o futebol português.

Hulk e o mercado de transferências de jogadores de futebol

Hulk provou na época passada ser bom jogador, um diamante ainda em bruto. Hoje vem no Record que o brasileiro tem um contrato blindado por uma cláusula de rescisão de 100 milhões de Euros, um montante muito elevado. A cláusula anterior era de 40 milhões de Euros.

Em contra partida, o FC Porto paga ao jogador um salário elevado. Como Hulk só tem 23 anos o contrato acaba por ser no interesse de ambos, já que o jogador terá interesse em continuar no Porto. O contrato é até 2014 mas há quem acredite que Hulk não vai chegar a esse termo, já que vários clubes estrangeiros estariam desde já interessados no jogador.

O Record refere que as cláusulas de rescisão, depois de caírem em desuso, são cada vez mais usuais como refúgio face à lei Webster. Para dar contexto, a Lei Webster ou artº 17 do regulamento de transferências da FIFA é a lei que permite a qualquer jogador que esteja no último ano de contrato rescindir sem que o clube detentor do seu passe seja indemnizado.

Parece-me interessante como o salário do jogador aumenta com o montante da cláusula de rescisão. Trata-se de um fenómeno que já foi observado estatisticamente em um modelo econométrico de 1999. Apesar de não estar formulado exactamente desta maneira o modelo indica mais ou menos o seguinte: o preço que um clube de futebol está pronto a pagar por um jogador depende de várias variáveis entre as quais estão as receitas que o clube espera receber aquando da transferência futura do jogador. Desta maneira, faz sentido que o FC Porto aceite pagar um salário superior ao Hulk se estiver seguro que irá vender o jogador de futuro por um montante mais elevado… Por outro lado, o jogador só vai aceitar que o clube que o emprega reduza as suas possibilidades de ser transferido no futuro para uma equipa de maior sucesso, se em contra partida o clube aceitar pagar-lhe mais de imediato.

É curioso como alguns comentadores apontam esta medida como sendo de boa gestão da parte do FC Porto. De facto, uma cláusula de rescisão elevada permite retirar Hulk do mercado durante algum tempo. Mas cuidado, porque a presença de jogadores estrela em uma equipa não é necessariamente um factor positivo para a moral. Por um lado, é natural que haja diferenças de salários entre jogadores, o que permite motiva-los para melhorar a sua performance e aceder a um salário superior.

No entanto, estudos mostram que grandes diferenças entre salários dentro da mesma equipa podem ter um efeito negativo sobre a produtividade da equipa. De facto, alguns jogadores com salários inferiores podem focar-se excessivamente nos erros cometidos pelas estrelas, considerados como inaceitáveis para jogadores tão bem pagos. Para além disso, nenhuma equipa gosta de depender demasiado de uma estrela, já que os melhores jogadores costumam “ter dias” como alias já foi notado no blogue “Bola na Trave”.

De forma mais geral, muita gente não entende com é que os salários dos jogadores de futebol são cada vez mais elevados, sem falar nos montantes pagos pelos passes. Outros profissionais tais como enfermeiros ou professores auferem salários muito menos elevados sendo a sua contribuição para a sociedade muito superior à dos jogadores de futebol.

Tal evolução pode ser explicada pelo desenvolvimento da televisão. De facto, a televisão por cabo ou satélite permite levar jogos de futebol a audiências cada vez maiores e que estão dispostas a pagar pelo serviço. O custo incremental da difusão de um programa de futebol é mínimo, à medida que a audiência aumenta. Isso permite que os salários pagos aos futebolistas mais conhecidos sejam muito elevados já que esses jogadores servem uma audiência muito alargada enquanto que os enfermeiros ou professores só podem servir “audiências” muito restritas.

Esta tendência só pode sair reforçada com o crescimento demográfico. Assim, os clubes espanhóis, que são seguido por audiências cada vez maiores na América Latina e os clubes ingleses, que têm muitos seguidores na Ásia, irão pagar cada vez mais para contratar jogadores. O modelo ao qual nos referimos anteriormente também prevê que o preço pago pelos jogadores é função positiva das receitas da bilheteira e da venda dos direitos televisivos.

Quanto à questão da moral, de referir que os jogadores de futebol não são chupistas. Os clubes conseguem pagar tanto aos jogadores porque vendem bilhetes e direitos televisivos. Nesse sentido, os jogadores de futebol produzem um bem pelo qual os consumidores anseiam. Existe toda uma máquina que vende o futebol como produto, sob forma de bilhetes, transmissões televisivas e comentários em jornais.

Um passeio a Sintra

Depois das maravilhas do detergente no Centro Cultural de Belém, decidi levar uma amiga, que vive em Londres, a Sintra… Devo referir que levávamos crianças.

Claro que alguém que vive em Londres gosta de ir a Sintra. Aceito o argumento apresentado no Defender o Quadrado ou seja que é redutor ver Portugal como Fado, Fátima e Sintra mas continua a ser um marco para quem nos visita. Aliás, sobre um assunto relacionado, fiquei a saber através deste artigo que na realidade, há poucos roteiros turísticos propostos em Lisboa para quem nos visita em viagens organizadas. Sintra é um roteiro clássico.

Começámos por comprar um bilhete conjunto para o Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena, junto ao posto de turismo. De referir que o posto de turismo tem funcionários muito eficientes, apesar de ser inacessível para quem chega com um carrinho de bebé. Deram-nos um mapa, pegámos no carro e lá fomos nós. Não chegámos ao Castelo dos Mouros já que o engarrafamento era tão grande que as pessoas simplesmente desistiam e voltavam para trás.
Os senhores do turismo até foram simpáticos e devolveram o dinheiro dos bilhetes já que o acesso era impossível.
Entretanto fomos tomar um café a uma rua estreita ao lado da pastelaria “Periquita”. Mais uma vez, fiquei apreensivo perante o modelo de negócio das lojas para turistas do centro de Sintra. Como em tantos outros lugares frequentados por turistas, os lojistas apostam nos artigos “feitos à mão”. É como se os consumidores europeus passassem o ano a comprar artigos produzidos em massa em fábricas chinesas mas depois durante alguns dias em Agosto, começassem subitamente a interessar-se por artigos feitos à mão, alguns (se calhar a maioria) de gosto duvidoso. Se calhar estou a complicar algo simples – as pessoas gostam de levar algo para casa que seja português e quanto mais feito à mão, melhor. Mas será que “feito à mão” é um “unique selling proposition” para merecer tanto ênfase?
Será que funciona mesmo assim? Será que o comportamento do consumidor europeu varia de forma tão radical durante os meses de verão? Pelos vistos, já que em qualquer lugar de interesse para turistas este tipo de lojas parece ter muito sucesso. Qual será o valor total do mercado de recordações para turistas “feitas à mão” em Portugal? Aposto que sofreu com a crise. Uma pergunta um pouco intelectualoide, mas penso que se fosse nos Estados Unidos, já alguém tinha estudado isto. Se calhar o estudo existe e eu é que não sei…
De seguida, tentámos deixar o carro em Sintra e apanhar o autocarro, já que, verdade seja dita, o sistema de transportes públicos parecia funcionar. Realmente o autocarro funcionava bem, apanhou um caminho que não tinha tanto trânsito e deixou-nos no palácio da Pena, mediante pagamento de €4,5 por pessoa.
Comprámos mais uma entrada a €9 por pessoa e lá fomos nós em direcção ao palácio. Recusámos pagar mais €2 por pessoa (ida e volta) pelo autocarro para nos levar mesmo até à entrada do palácio e até foi divertido subir a ladeira de piso irregular. O palácio como devem saber é muito estranho e alem disso absolutamente impossível para quem leve um carrinho de bebé. Como sempre não há sitio para mudar as fraldas às crianças, mas as senhoras que estavam à entrada simpaticamente deixaram-nos usar um móvel da recepção para o efeito.
À vinda, o autocarro vinha tão cheio que uma senhora com um bebé ao colo (ninguém lhe cedeu o lugar) quase foi esmagada pela porta de saída.
Sintra tem um sistema de transportes públicos para os monumentos que até funciona apesar de estar apinhado em Agosto. Mas como o centro histórico é tão pequeno, Sintra podia tentar uma solução “park & ride” ou seja construir uns parques de estacionamento grandes nos arredores do centro histórico e levar as pessoas de autocarro até ao centro. Há muitas cidades na Europa com este sistema, que parece funcionar bem. Um espaço tão reduzido e com ruas tão estreitas como Sintra não consegue aguentar um tamanho afluxo de turistas e de automóveis.

Um passeio ao Centro Cultural de Belém

Hoje fui à esplanada do Centro Cultural de Belém. Para manter a minha filha ocupada (é muito activa ainda bem) levei-a para o relvado que existe ao lado da esplanada. A certa altura ela acercou-se do canal que está ao mesmo nível da relva e pôs as mãos dentro de água. Uma espécie de canal com água corrente que corre ao longo do terraço ao lado do relvado… Qualquer criança pode lá meter as mãos.

Uma senhora simpáticamente chega-se ao pé de mim, funcionária do CCB – olhe desculpe, é melhor lavar as mãos à criança, as empregadas da limpeza costumam deitar para aí o detergente depois de lavarem o chão… Obrigado minha senhora.
Bolas – não dá para prever que as crianças vão mexer naquele canal com repuxos? Qual é a necessidade de esvaziar o detergente para a porcaria do canal? Enfim… Que absurdo. Não tive paciência para pedir o livro de reclamações, tinha mais que fazer.

O mercado imobiliário em Portugal

Caro Carlos Santos

Em resposta ao seu comentário sobre bolhas imobiliárias em Portugal, que desde já agradeço, permita-me que faça algumas observações.
  1. Parece-me que uma bolha financeira em qualquer tipo de activo não se define tanto pelo valor ou pela velocidade da subida do preço do activo em termos absolutos mas sim pela diferença entre o preço efectivo e o preço sustentável ou valor intrínseco. Uma subida dos preços do imobiliário de 5% pode representar uma bolha financeira se isso implica que os preços estão acima do preço sustentável.
  2. Os Estados Unidos foram certamente um caso em que houve uma bolha imobiliária mas o facto de em Portugal, as subidas de preços terem sido menos significativas que nos Estados Unidos não quer dizer que os preços não se encontrem acima do valor intrínseco
  3. De uma forma geral, determinar se há ou não uma bolha imobiliária é extremamente difícil no sentido em que é difícil determinar o valor intrínseco da habitação ou dos edifícios de escritórios. Os modelos económicos tipicamente vão tentar faze-lo atravez de medidas tais como índices de “affordability”. Mas como o valor intrínseco de um imóvel e invisível, qualquer modelo vai ser sempre limitado e terá sempre dificuldade em defini-lo
  4. Em Portugal acresce que os indicadores de preços do imobiliário são extremamente limitados, como aliás acontece em vários sectores. Reflectem assim de forma inadequada o mercado nacional. Por um lado, os dados das imobiliárias poderão ser inflacionados devido aos problemas óbvios de isenção das imobiliárias neste domínio. Os únicos dados oficiais existentes que são a avaliação bancária, não reflectem os preços efectivamente pagos. Desta forma torna-se muito difícil a avaliação dos próprios índices de preços da habitação ou de escritórios.
Apesar de todas estas dificuldades, parece-me que estão reunidos vários indícios que apontam para o facto de ter havido uma bolha imobiliária nos últimos anos (i) endividamento excessivo das famílias e as recentes dificuldades de pagamento sugerem que não havia meios para pagar as casas adquiridas (ii) o excesso de construção que leva a que haja um excesso de oferta que nem consegue ser determinado com exactidão (iii) a descida brutal dos volumes de vendas que se viveu ao longo dos últimos meses.