O mundo mudou. Os países que antes considerávamos de “terceiro mundo” estão a criar multi nacionais e continuam em grande desenvolvimento económico. Estou a falar de países tais como o Brasil, a Índia, Angola. A Europa está parada sobretudo quando se compara com as mudanças que estes países emergentes estão a atravessar e ainda bem para eles.
A missão que os portugueses entregaram ao PS hoje à noite é a seguinte, a meu ver: protejam ao máximo os privilégios que alcançámos. Não façam ondas nem rupturas. Deixem-nos continuar na nossa vidinha. Não reduzam o peso do Estado. Deixem como está…
Qual é o resultado de dizer às pessoas em um momento de crise que se vai reduzir o peso do Estado e sanear as finanças? É difícil, porque tira a esperança. A Manuela Ferreira Leite devia ter dado tudo por tudo para passar a mensagem.
Dizer ao país em um momento de profunda crise, que a solução passa por reduzir o peso do Estado e fazer as pessoas que vão ter que vencer sozinhas, é realmente muito difícil. O erro foi deixar-se envolver em casos, em falsas questões. Os media fazem barreira. A Manuela Ferreira Leite fez uma campanha à sua maneira. Não funcionou.
Toda a gente entendeu que os países emergentes, quando apanham uma boleia da economia, fazem tudo o que a velha Europa faz e se calhar melhor. Nesse sentido, Manuela Ferreira Leite perdeu também porque se converteu em um símbolo de algo que já passou e que provavelmente nunca vai voltar, do velho Portugal, da velha Europa. Qualquer pessoa que leia os jornais e entenda o que se passa à sua volta chega a esta conclusão. Os Estados Unidos têm um presidente negro. A Sonangol é accionista de referência da Galp. Lula é o presidente mais popular do mundo. Na Ásia e no Golfo criam-se cidades inteiras de um dia para o outro. Até o Sarkozi faz jogging e tem uma mulher que anda no mundo da música. A Tata comprou a Jaguar. A Goldman Sachs investiu num construtor de automóveis chinês.
Queriam que o eleitorado se entusiasmasse por uma senhora já de alguma idade, que nunca sai da linha, sempre vestida em estilo clássico, com pouco sentido de humor e que de vez em quando diz coisas técnicas que ninguém entende? De marketing político sei pouco, mas francamente era óbvio. Já ouviram o Obama a falar? Já ouviram um discurso do Lula? Já ouviram o Obama ou o Lula ou até o cinzentão do Gordon Brown com um discurso de austeridade, desde o início da crise? Agora comparem.