Monthly Archives: September 2009

Uma maneira de interpretar o resultado das eleições

O mundo mudou. Os países que antes considerávamos de “terceiro mundo” estão a criar multi nacionais e continuam em grande desenvolvimento económico. Estou a falar de países tais como o Brasil, a Índia, Angola. A Europa está parada sobretudo quando se compara com as mudanças que estes países emergentes estão a atravessar e ainda bem para eles.

A missão que os portugueses entregaram ao PS hoje à noite é a seguinte, a meu ver: protejam ao máximo os privilégios que alcançámos. Não façam ondas nem rupturas. Deixem-nos continuar na nossa vidinha. Não reduzam o peso do Estado. Deixem como está…

Qual é o resultado de dizer às pessoas em um momento de crise que se vai reduzir o peso do Estado e sanear as finanças? É difícil, porque tira a esperança. A Manuela Ferreira Leite devia ter dado tudo por tudo para passar a mensagem.

Dizer ao país em um momento de profunda crise, que a solução passa por reduzir o peso do Estado e fazer as pessoas que vão ter que vencer sozinhas, é realmente muito difícil. O erro foi deixar-se envolver em casos, em falsas questões. Os media fazem barreira. A Manuela Ferreira Leite fez uma campanha à sua maneira. Não funcionou.

Toda a gente entendeu que os países emergentes, quando apanham uma boleia da economia, fazem tudo o que a velha Europa faz e se calhar melhor. Nesse sentido, Manuela Ferreira Leite perdeu também porque se converteu em um símbolo de algo que já passou e que provavelmente nunca vai voltar, do velho Portugal, da velha Europa. Qualquer pessoa que leia os jornais e entenda o que se passa à sua volta chega a esta conclusão. Os Estados Unidos têm um presidente negro. A Sonangol é accionista de referência da Galp. Lula é o presidente mais popular do mundo. Na Ásia e no Golfo criam-se cidades inteiras de um dia para o outro. Até o Sarkozi faz jogging e tem uma mulher que anda no mundo da música. A Tata comprou a Jaguar. A Goldman Sachs investiu num construtor de automóveis chinês.

Queriam que o eleitorado se entusiasmasse por uma senhora já de alguma idade, que nunca sai da linha, sempre vestida em estilo clássico, com pouco sentido de humor e que de vez em quando diz coisas técnicas que ninguém entende? De marketing político sei pouco, mas francamente era óbvio. Já ouviram o Obama a falar? Já ouviram um discurso do Lula? Já ouviram o Obama ou o Lula ou até o cinzentão do Gordon Brown com um discurso de austeridade, desde o início da crise? Agora comparem.

Introdução à indústria petrolífera

Alguns elementos de base para entender a indústria petrolífera...

Exploração de petróleo – upstream

Fases de exploração do petróleo

  1. Determinar probabilidades da zona ter petróleo
  2. Análise por sonar e determinar se existe alguma bacia onde é possível haver petróleo. No entanto estes testes não dão a certeza se há petróleo ou não
  3. É preciso fazer um furo para confirmar se efectivamente há petróleo ou não no local. Só assim se encontra efectivamente petróleo. São os chamados “wildcat wells”

As reservas podem assim ser divididas pela probabilidade de sucesso: P1, P2 etc, do mais provável ao menos provável.

Quando se fala da avaliação de empresas de exploração e produção de petróleo, fala-se de risking. Em função dos recursos apresentados pelas petrolíferas, os analistas financeiros determinam uma probabilidade dos recursos se traduzirem em receitas. Também se fala de reserve life ou seja as reservas a dividir pela produção.

Também se fala de F&D cost ou seja Finding and Development cost ou seja o custo por barril de encontrar e desenvolver o petróleo da reserva até ao ponto de produção. Estes custos têm vindo a aumentar e quando se fala de ir para certos campos offshore os custos são cada vez mais elevados.

Por exemplo no Brasil, existe uma grande diferença entre as várias bacias, quanto mais offshore e mais profundo mais difícil é de extrair o petróleo. Complexidade e profundidade são custos que só se justificam se o preço do petróleo continuar a ser alto.

Em termos de fase de vida de um campo de petróleo esta é semelhante a uma distribuição normal. A produção cresce, chega a um patamar e depois reduz até ao ponto em que não há reservas ou não é económico explorar o petróleo. Fala-se aqui de blow down model como um balão a esvaziar.

Uma complexidade do sistema está ligada à partilha do recurso. Embora a petrolífera esteja a produzir, não é dona de todo o recurso. O governo recebe uma percentagem do que sai do chão. Esta percentagem depende do preço do petróleo e do montante investido pela petrolífera, entre outros factores. Em muitos casos, antes de cobrar o royalty os governos deixam que a petrolífera recupere o seu investimento. Existem grandes variações de país para país. Fala-se portanto de working interest production e de entitlement production. Enquanto que working interest production é a produção total do campo, o entitlement production é aquilo que efectivamente chega à petrolífera depois de pagar ao governo.

Cada tipo de petróleo é diferente. O petróleo é qualificado como heavy ou light e sweet ou sour. O elemento heavy/light tem a ver com a densidade. O elemento sweet/sour tem a ver com o enxofre presente no petróleo. Quanto mais leve e doce o petróleo, mais valioso já que a produção é mais fácil.

Transporte

  • É mais difícil transportar gás do que petróleo
  • Em muitas zonas em África o gás saia com o petróleo e não era possível transportar pelo que se procedia ao flaring ou seja queimava-se o gás
  • Actualmente países como a Nigéria transportam o gás em estado gasoso e transformam-no em líquido (LPG)

Refinação e marketing – downstream

O petróleo na sua forma natural é praticamente inútil. As petrolíferas usam as refinarias para transformar o petróleo em produtos úteis.

  • Uma refinaria pode ser vista como uma fábrica com um puzzle lá dentro
  • Cada refinaria é composta por unidades que produzem produtos diferentes
  • Cada refinaria é diferente
  • Ao instalar diferentes unidades as petrolíferas tentam aproximar a produção do consumo

O termo nameplate capacity designa a capacidade de barris de crude por dia que a refinaria pode receber, ou que saem da refinaria.

Outra medida utilizada para analisar as refinarias é o índice de complexidade. Designa a flexibilidade para produzir produtos diferentes. Uma refinaria mais flexível é mais valiosa já que cria mais retornos e pode adaptar-se melhor ao mercado.

Em refinarias, a medida económica é a margem de refinaria, que é igual ao valor dos produtos que saem de um lado menos o valor do que entra do outro. Ou seja, que percentagem de gasolina, nafta ou kerosene. Cada produto e cada refinaria é influenciada pela oferta e procura de cada produto.

A parte final é o marketing. Todos os produtos que estão na bomba de gasolina vêm das refinarias e existe um esforço actualmente um esforço para aumentar a diferenciação dos produtos e trazer algum valor acrescentado. No entanto a parte do retalho é bastante simples.

O grande negócio das gasolineiras acaba por ser o retalho, onde as margens são mais atraentes.

Por outro lado, as grande refinarias vendem os seus produtos também directamente aos produtores de electricidade. Nomeadamente, o grande mercado do gás é o mercado de produção de electricidade. O mercado de gás está dependente do acesso aos pipelines e ao abastecimento. Este mercado é portanto regional.

Quando me apresento ao telefone não digo o meu nome

Artigo de um jornalista do Monde de origem árabe sobre o que significa crescer e viver em França.

Investimento em editoras musicais

Quem investe em uma empresa normalmente toma uma parte do capital. A partir daí, tem uma série de direitos entre os quais se incluem o direito a determinar estratégia, pelo menos se tiver maioria.

No caso de uma empresa detida por um artista, de uma editora, as coisas não são assim. O investidor compra direitos, que correspondem a uma partilha das receitas futuras dos artistas que a editora está a promover.

Ou seja, o investidor pode não deter uma participação no capital da editora e normalmente não lhe é oferecida essa opção.

Se os artistas promovidos pela editora têm sucesso, as coisas correm bem para todos. Se os artistas correm mal, o investidor pode estar em uma situação na qual perde o capital e não tem direito a pedir à equipa de gestão que aplique uma estratégia que eventualmente conduza à criação de valor para o accionista.

Entendo que o mundo das editoras discográficas se rege por leis diferentes daquelas às quais estamos habituados em outros sectores, o que me parece curioso. É como se a comunidade artística tivesse criado um conjunto de regras que lhe permitem passar ao lado das regras do sistema.

Este artigo de jornal vem confirmar que as pessoas que lançam editoras discográficas tendem a não explicar exactamente o que acontece se as coisas correrem mal. Contrariamente ao que vem mencionado no artigo, que fala sobre o possível interesse de investir em uma editora discográfica do ponto de vista de um particular, não creio que seja o tipo de investimento mais adequado para o investidor privado.