A mão pesada da CMVM

O artigo no Diário Económico de 23 de Fevereiro sobre a CVMV é um bom exemplo de o desastre que pode ser a falta de estratégia na condução de um organismo público.

No artigo a CMVM explica, para ser sucinto, que vai ser muito mais exigente em 2010 e mais rápida.

Quando se pede a uma instituição para elaborar uma estratégia “bottom-up” ou seja quando há falta de liderança, as pessoas que nela trabalham cometem muitas vezes o mesmo erro que é de prometer uma maior eficiência e nada mais. Não há obviamente nenhum mal em ser mais eficiente. Por exemplo numa fábrica de parafusos um plano de estratégia feito à “papo seco” promete normalmente algo do tipo – em vez de produzirmos 30 parafusos por hora, vamos produzir 35. Vamos mudar os procedimentos para ser mais velozes.

No caso da CMVM o que é prometido é algo deste género. Vão mudar de procedimentos para melhorar o desempenho. As respostas aos investidores serão assim dadas em um prazo adequado (mas não eram?)

De novo para estabelecer um paralelo com a fábrica de parafusos o resultado de uma estratégia de uma empresa onde há liderança seria por exemplo: vamos mudar o nosso produtos para incluir uma liga de metais inovadora. Esperamos assim tornar-nos mais competitivos face aos fabricantes chineses. Ou então: vamos lançar uma nova área de parafusos para plataformas petrolíferas, um produto de alto valor acrescentado. Esperamos assim melhorar as nossa margens em x%.

No caso da CMVM como já referimos haveria que mudar a forma de actuação e deixar de actuar estritamente de acordo com a legislação em vigor para actuar de acordo com certos princípios. Assim, os intervenientes de mercado que não cumprissem princípios de base, a definir, que são essenciais para o funcionamento do mercado, seriam penalizados. Isto já foi referido neste blogue várias vezes ao longo do último ano.

Esta notícia, para mim, confirma o que já se suspeitava: os líderes da CMVM seguem a mentalidade de funcionalismo público bem conhecida em Portugal. A obediência pela obediência. O medo de inovar. Tudo hiper-controlado e nada feito de forma eficiente, seguindo as melhores práticas a nível internacional. É deplorável. A jornalista que relata a notícia passou totalmente ao lado deste aspecto.

Leave a comment