Inovação, produtividade, PMEs e fusões

Um artigo do El País sobre o congresso da Cotec, que aconteceu em Espanha dia 1 de Novembro de 2009, apresenta um diagnóstico muito sucinto e extremamente lúcido sobre a situação da economia espanhola e portuguesa.

Trata-se de um artigo que resume em poucas palavras tudo o que devia mudar em Portugal e em Espanha. Julgo que se pode resumir o artigo da seguinte maneira:

  1. Portugal e Espanha pecam por falta de produtividade. De facto o PIB por hora trabalhada em Espanha corresponde a 74% dos Estados Unidos. A estatística não é apresentada para Portugal mas parto do princípio que seja (muito) pior.
  2. A economia Portuguesa bem como a economia Espanhola são ambas compostas por um grande número de PMEs. Um comentário meu: isto é produto da incapacidade das pessoas de trabalharem em equipa e de se adaptarem a grandes organizações. Qualquer que seja a razão, as PMEs em Portugal representam 86,1% do Emprego e em Espanha, 82,2% contra 50% nos Estados Unidos.
  3. As PMEs têm pouco acesso ao conhecimento – algo que é verdade na globalidade apesar de haver PMEs muito inovadoras.
  4. Quanto Portugal e Espanha entraram na UE, as PMEs sofreram e continuam a sofrer a concorrência das empresas maiores do Norte da Europa. E cada vez mais vais ser assim.
  5. O resultado? Enquanto que o PIB conjunto de Portugal, Espanha e Itália representa 23% do PIB da UE, estes países só representam 14% da despesa de I&D da UE. É triste.

Resta às PMEs Portuguesas e Espanholas fundirem-se e adquirirem dimensão para competir internacionalmente. Quando ouço falar sobre os programas de apoio às PMEs, na prática apoio a restaurantes e lavandarias, fico com os cabelos em pé. O que não quer dizer que sou contra a existência de PMEs. Não sou contra nem a favor. O que me parece descabido é promover as PMEs que vendem produtos e serviços maduros e de pouco valor acrescentado. Existem excepções tais como a agricultura. Mas são excepções, não a regra.

Para dar um exemplo prático sobre a inovação nas PMEs: vamos partir do princípio que, nos Estados Unidos, existe uma grande empresa especializada em fornecer, lavar e passar fardas para supermercados. Serve todo mercado americano, tem milhares de clientes. Essa empresa terá muito mais facilidade em lançar um projecto inovador que lhe permita reduzir ao mínimo o tempo que leva a passar fardas. Poderá eventualmente comprar máquinas rápidas para o efeito. Em Portugal, as fardas serão lavadas à máquina e passadas à mão. Tudo isto para dizer que existem PMEs inovadoras mas não devemos ter ilusões: a esmagadora maioria das PMEs não são inovadoras. Muitas são negócios de vão de escada.

Para mim está feito o diagnóstico e quem propuser a solução terá o meu voto.

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