Não seria melhor partir o BCP?

Tenho uma sugestão para o governo. Já que precisam de fundos para compensar o déficit por que não vender a participação que a Caixa tem no BCP para depois distribuir um dividendo extraordinário? Para tornar possível tal operação, basta partir o BCP em vários bocados.

Nos últimos meses vários bancos foram forçados a dividirem as suas actividades e venderem parte. O caso mais interessante é o do ING, que seguia o modelo do “bancassurance”. O banco obteve uma ajuda enorme do governo e o regulador veio agora pedir que o banco fosse partido. É o preço a pagar pela ajuda de €10 bi que recebeu. O banco vai vender as suas operações de seguros e banca por Internet nos Estados Unidos. O banco quase foi ao fundo depois de comprar montanhas de subprime, como vem explicado aqui.

Queria só fazer um paralelo com o BCP. Trata-se de um caso semelhante, um banco universal com presença no mercado dos seguros. Basta olhar para o preço da acção do BCP nos últimos 5 anos (a azul) comparado com o índice europeu MSCI Europe para entender que, com ajuda do Estado ou sem ela, o banco não está a ir a nenhuma parte e não há restruturação que lhe valha. Não digo que seja um banco com má reputação (apesar dos offshores e companhia). Continua a ter boas marcas mas tem havido destruição de valor.

O BCP podia seguir o modelo do ING e pelos vistos da própria Caixa e separar a sua actividade bancária da actividade seguradora (que não trazem sinergias). A soma das partes vale provavelmente mais do que o todo. Depois de separadas as actividades, a seguradora poderia ser vendida o que iria fortalecer os rácios de solvabilidade e permitir a saida do Estado. Ficávamos todos a ganhar.

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